Como Surgiu a ideia



A ideia de criação de um Sistema Econômico Local na UFSB, surgiu em janeiro de 2018, quando a professora Luana Sampaio coordenou uma Vivência em Serra Grande com um grupo de estudantes, para conhecer o Sistema Econômico Local de Serra (SELS), realizando o primeiro contato do grupo com o tema. Posteriormente, a professora Luana Sampaio escreveu a proposta do Componente Curricular “Dinheiro e Sociedade” e o submeteu para integração ao Projeto Político de Curso, dos cursos de Licenciatura Interdisciplinar em Matemática, Computação e suas Tecnologias, e do curso de Engenharia Ambiental e da Sustentabilidade, sendo aprovado para ambos. 

Os principais objetivos deste Componente Curricular (CC) é estudar Economia Solidária, criação de Moedas Sociais, além de despertar para o consumo consciente e relações mais colaborativas e solidárias. Neste CC, juntamente com um grupo de estudantes de diferentes áreas do conhecimento, discutimos temáticas como cooperação versus competição, chegando até a Economia Solidária e a criação de Sistemas Econômicos Locais Alternativos. Para ter uma dimensão prática do potencial da criação de sistemas econômicos locais, fomos conhecer mais duas localidades do litoral sul da Bahia que implantaram moedas sociais: a comunidade Inkiri de Piracanga, com a moeda Inkiri, e a Associação Mãe dos Extrativistas de Canavieiras (AMEX), com a Moex (Moeda Extrativista), nos proporcionando experiências muito inspiradoras. 

Os estudos e testes para implantação da moeda social virtual da UFSB, começou na primeira oferta de “Dinheiro e Sociedade”, no quadrimestre 2018.2, entre junho e setembro de 2018. Desde então, estamos constituindo um coletivo interessado em trabalhar para a implantação e desenvolvimento do Sistema Econômico Local Universitário (SELU). Além disso, temos organizado Feiras de Trocas Solidárias na UFSB/CJA e alimentado o "Espaço do Desapego", um espaço permanente de trocas, criado a partir dos resultados da I Feira de Trocas Solidária da UFSB/CJA.

Ao mesmo tempo, esta ideia surge da percepção de que precisamos, urgentemente, alimentar a solidariedade nas relações estabelecidas nos ambientes acadêmicos, em especial, da UFSB. 

A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) foi fundada em 2013, sendo parte da reforma universitária brasileira, e, como tal, apresenta seus cursos distribuídos em três ciclos. O primeiro ciclo tem a duração média de três anos, compreendendo os bacharelados e as licenciaturas interdisciplinares; o segundo ciclo compreende a formação em nível de graduação de carreiras profissionais ou acadêmicas específicas; o terceiro ciclo da Universidade oferece os cursos de pós - graduação.

A única forma de entrada na Universidade dá-se através do Primeiro Ciclo podendo optar por progredir, posteriormente, para o Segundo ou Terceiro Ciclos. A grande questão da Universidade, quanto a saúde mental e a qualidade de vida da comunidade acadêmica, reside no processo seletivo instituído para a progressão de ciclos. Com um modelo processual de avaliação, no qual o discente vive três anos em uma estressante busca pelo desempenho acadêmico, que o classifica e define sua entrada, ou não, no curso desejado do segundo ciclo. Com isso, as relações interpessoais acabam reproduzindo a economia capitalista, sendo pautada em competitividades ferozes e egoístas.

Ao perceber que a competitividade está tornando o ambiente acadêmico doentio, surge a necessidade expressa de alimentar a solidariedade entre os membros desta comunidade. Uma das vias para isso é através de práticas baseadas nos princípios da Economia Solidária, como é proposto pelo SELU. Desta forma, a idéia se fortaleceu e atraiu alguns colaboradores.